

No período de 2020 a 2022 tive a grata oportunidade de fazer uma análise do personagem principal deste conto, na dissertação de mestrado, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião, da UFJF, no intuito de compreender o que movera aquele ser mesquinho a uma transformação tão auspiciosa? Conheci essa história em 2009, quando assisti ao filme: “Os fantasmas de Scrooge”.
Naquela época, ainda não se configurava na minha consciência uma possibilidade de ampliação futura desta obra; mas como nos referencia a Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung, a ideia estava sendo maturada pelas vias arquetípicas do inconsciente. Então, somente onze anos mais tarde, especificamente, em julho de 2020 a ideia tomou sua forma preliminar em minha mente. Ali, houve uma grande vontade de conhecer a fundo tudo que se relacionava a este conto: desde seu autor, até o contexto, no qual a obra se inserisse.
Eis como surgiu o problema a ser desvelado: ao pesquisar sobre o conto, em análise, A Christmas Carol, inicialmente, intentava-se descobrir como o personagem Ebenezer Scrooge havia se transformado em um ‘novo homem’, no dia de Natal. O que seria esse fenômeno? Pois, se no dia 24 de dezembro de 1843, o Sr. Scrooge era um misantropo, como no dia 25 de dezembro ele poderia ter se tornado um formidável cavalheiro? Por isso, aventou-se a hipótese de que sua transformação radical se dera por conta do seu processo de individuação (Jung), em suma, que o personagem passara por um processo de “realizar-se a si mesmo” (JUNG, A natureza da psique, §432). Dessa forma, verificar-se-á o caminho proposto por Jung, como ‘etapas’ para a individuação, que poderiam ser identificadas na referida obra. E, a primeira pista a esse respeito é a personalidade do personagem-central.

Sombra
Scrooge estava tomado pela sua sombra, seu lado mais obscuro dominara-lhe, e não se preocupava no trato do outro. Todas as suas falas são palavras que maltratam o próximo, a quem quer que seja, inclusive seu sobrinho — único familiar que lhe restara. Scrooge mostrava, com toda sinceridade, o que pensava em relação a qualquer cidadão londrino. Para ele, a maior parte deles não servia para nada, principalmente, aqueles que estavam desempregados e fossem pobres; reflexo de sua projeção, como aprofundado ao longo da dissertação. Na sua opinião, deveriam ser mandados às casas de trabalhos-forçados ou deveriam estar nas prisões. Ele doava dinheiro a estas instituições e não a trabalhos de assistência social. Mas isso fora antes do encontro arquetípico com o personagem Jacob Marley. Esta é apenas uma pequena parte dessa história que é contada, no primeiro capítulo, através das palavras elaboradas pela psique da autora desta dissertação que eu convido você a ler.
Quer saber como este personagem se transformou nesta pessoa tão amável? Ficou se perguntando se isto é possível? Ou ainda, lembrou-se de alguém que parece com o Scrooge ou identificou-se com algum aspecto dele?

Convido você a ler este conto, assistir a este filme que foi muito bem interpretado por Jim Carrey e depois, se ainda tiver interesse como se deu esse processo no campo psicológico, leia a dissertação: A ‘individuação’ de E. Scrooge: uma interpretação Junguiana, do conto a Christmas Carol, de C. Dickens.
Muitas das nossas questões “scroogeanas” surgem no setting terapêutico no processo de análise junguiana. Desafio a todos a olharem para o Scrooge que há dentro de cada um de nós! Não devemos reprimir nossa SOMBRA e sim, olhar para ela, acolhê-la, para depois de refletir muito, transformá-la! Acesse aqui a dissertação completa!